segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Eu queria.

Eu queria ter certeza de não querer mais.
Eu queria não querer.
Queria mesmo era me convencer de que não quero.
Queria acreditar que não quero mesmo.E nem nunca mais vou querer.
Eu queria que tudo não passasse de uma lembrança.
E que as lembranças ficassem escondidas em um lugar que eu nunca pudesse encontrá-las.
Como aquela roupa velha que você insiste em guardar na gaveta e de repente, quando volta fazer a arrumação, percebe:
não serve mais, não combina mais.
Não quero mais usar.
E vai então para a pilha que vai embora. E nunca mais volta.
Queria que fosse aquela roupa velha.
Queria que não voltasse.
Mas volta.
Eu queria querer que realmente não voltasse, mas você sempre volta.
Então me desconheço.
Todos meus argumentos não me valem mais.
Me engano, me finjo, me iludo.
Sou minha maior inimiga.
Não consigo convencer a mim mesma.
Queria acreditar naquilo que eu faço com que os outros acreditem.
Queria querer as coisas diferentes, novas.
Queria não querer mais o seguro, confortável, conhecido.
Queria não querer mais reviver lembranças de outrora.
 Queria não ter mais aquele riso bobo que só eu sei (e talvez você saiba) que existe quando você me olha com aqueles olhos que são só seus.
Definitivamente, queria não querer.
Queria, futuro do pretérito
( e existe algo mais paradoxal do que o futuro e o pretérito?)
ação futura ocorrida no passado.
E o passado já foi.
E o futuro não será.
Eu queria....... Não quero mais?
Não quero. Não quero querer.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu sei de quem vc está falando. Ass: A

Anônimo disse...

queria muito saber qm é o individuo.

Sue Ellen disse...

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.
(Fernando Pessoa)