domingo, outubro 24, 2010

Pendurei meu salto alto.

Depois de muito tempo sem ir a uma, resolvemos ir à balada. Os motivos que convenceram foram as entradas VIP's e o Open Bar de Stella Artois. E então, fomos. 
Definitivamente, esse mundo não me pertence mais. Já comentei isso por diversas vezes aqui no blog, não sei porque me esqueci dessa convicção. A música tão alta que não permite conversar, a falta de luz que confunde a visão e não permite distinguir bem as pessoas. As meninas com roupas mínimas, os rapazes todos iguais: com a mesma camisa pólo, com um número de um lado e uma bandeirinha e/ou desenho do outro. Todas com o mesmo corte de cabelo e mesmo tom de coloração. Entre eles, algumas pessoas... bem, perdidas? Será que seria esse o adjetivo ideal? Acho que sim! Perdidas. Não seguem o mesmo padrão que as demais, já não tem a mesma idade, parecem procurar suprir algo, com toque de maldade chamariamos de "tiazona". E eis que meu irmão solta: 

- Su, você tem só mais um ano, viu..
- QUE?
-É! Balada, no máximo até os 25. Você já é meio tia também. 

E então percebi o quanto eu estava perdida naquele ambiente. Não é o que eu gosto. Nem as músicas, nem as pessoas, nem a bebida cara, nada daquilo me agradava mais, estava lá nem sabia porquê. Perdida. 

Homens têm uma visão bem mais direta da realidade. As mulheres gostam de fantasiar, criar hipoteses, mil exceções para as regras. Eles não nos revelam sua verdade o tempo todo porque sabem que nós não queremos saber. Porém, quando você tem um irmão mais novo, ele simplesmente não vai ter esse pudor. Ele te fala mesmo, na lata, todas aquelas verdades que você conhece mas prefere não pensar nelas. 

A verdade do meu irmão de vinte e poucos anos, nesse caso, não foi nem um pouco dolorosa. Foi só uma constatação: Sim, estou tia para as baladas. Vou deixá-las para essa turma que vem por aí. Penduro meu salto alto, sem a menor dor no coração. Afinal de contas, desde os dezesseis  até os vinte e poucos, é muito tempo para aproveitar, não? E aproveitei. 

Não quero parecer como aquelas que eu chamei de "tia", procurando desesperadamente por um tempo que não volta mais. Não tenho vocação para Peter Pan. - Cada idade tem seu prazer e sua dor.. já diria a canção. 

Troco meu salto alto pela sapatilha, o escuro pelas meia luz, a longneck/drinks pela cerveja de garrafa, o camarote por uma mesa com os amigos, o xaveco furado e as conversas gritadas, pelas risadas dos papos filosóficos de mesa de bar, a dança "sensual" pela dança engraçada, a música alta pela melodia cantada por bandas. E tudo isso sem a menor dor no coração! 

O que me importa, do que não abro mão de forma alguma é da noite!! E essa, não vai me abandonar! 

sexta-feira, outubro 08, 2010

Vamos embora enquanto ainda está bom?

"A festa acabou. O povo sumiu. A noite esfriou. E agora, José?" 


Sabe quando você vai a uma festa super legal? Tudo dá certo, seus amigos estão animados, a música é boa, a bebida não é cara, as pessoas são bonitas e você está se divertindo um monte! Você pensa "Cara, essa é a melhor festa da minha vida!!!" e aí, já faz um bom tempo que vc está por lá, já poderia ir embora, ir pra casa com aquela sensação gostosa de ter se divertido muito e lembrar pra sempre como a melhor festa. Mas aí você decide ficar. Estava bom demais pra ir embora. Você quer ficar até o fim. Aí tem uma fila enorme para pagar no caixa, você vê o ex beijando outra, seu amigo vomita no carro, vc perde seu celular, começa a chorar, briga com seus amigos que até então estavam super animados, vai embora pensando " que bosta de festa". É impossível pensar em até quanto ela foi boa, porque o final vai ficar pra sempre na memória. E sabe por que isso aconteceu? Porque vc não soube a hora de parar.
Uma vez, uma amiga disse: "Vamos embora enquanto ainda está bom?" . E eu pensei: É esse o segredo. Saber a hora de parar.
A festa pode ser qualquer coisa na sua vida. Pode ser um relacionamento, pode ser um trabalho, pode ser uma faculdade, pode ser um projeto de vida, enfim.. é essencial saber a hora de parar. Mas a gente abusa das coisas, gasta-as até não poder mais vê-la e aí então começar a reclamar dela.
Vai a um restaurante, gosta dele. Vai sempre. Até enjoar e aí o restaurante já não é bom. Conhece um lugar, adora, vai pra lá todas as férias. Até perder a graça e então nunca mais querer voltar. Vive uma paixão de férias, ela poderia terminar ali com a separação física e para sempre vocês teriam aquela lembrança gostosa de uma paixão de férias, mas então decide transformá-la em relacionamentos, cobranças, inseguranças, ciúmes e põe fim ao que poderia ser uma doce lembrança. Esta passa a ser uma dolorida lembrança.
A hora de parar não é fácil de ser reconhecida. Ou melhor, não é fácil de ser admitida. No fundo, em algum lugar no nosso coração, a gente sabe que já está na hora de parar, mas insiste. Talvez por medo de ouvir a intuição, ou por medo em ter que começar do zero de novo, fazer novas escolhas, tentar, arriscar.
Pelo comodismo de não abandonar aquilo que parece seguro, que já é conhecido, insistimos e vamos até o fim. E o fim, quase sempre é merda.
Acabou sua faculdade? Chore na sua formatura, divirta-se, abrace seus amigos e parta pra nova fase que deve ir. Não continue a ir nas festas de república, não tente continuar fazendo a sua faculdade, ela não será mais a mesma, não procure a decepção, evite-a.
O namoro já não vai bem há tempos. Várias idas e vindas, não volte mais uma vez até a próxima ida. Cheguem a um acordo, terminem em paz, continuem amigos e não se odeiem. Há tantas pessoas no mundo, algo novo há de acontecer.
Pare enquanto ainda está bom. Não procure o sofrimento! Vá embora da festa enquanto ela está boa, conheça um novo lugar nas próximas férias, procure um novo emprego, mude de padaria. Permita-se sair da mesmice, a mudança é legal, o novo assusta mas é necessário.

Eu estou tentando aprender a hora de parar. Para evitar a dor.. para depois não reclamar que a vida é injusta comigo.É claro que existem surpresas, mas se já sabemos que algumas coisas vão dar errado no final e fazemos mesmo assim, a culpa é nossa. Se me chamam pra lugar que eu já "gastei'  e eu vou, estou pedindo para não me divertir. Se eu como o pratão de macarrão mesmo sem caber mais, bem feito se eu passar mal. Se eu acabar chorando depois de uma nova decepção, foi porque eu insisti em algo que já sabia que ia dar errado.

A vida não é tão complicada. As pessoas são complicadas. Basta parar de fazer drama, basta saber a hora de parar.

sexta-feira, outubro 01, 2010

Quanto vale o seu sonho?

Quando eu nasci, um anjo meio desastrado, desses que dormem no ponto disse: Vai, Sue Ellen, ser professora na vida.


É, eu acho que ser professora pra mim é mais do que uma escolha. É destino. Vocação. Desde pequena, eu já gostava de fingir que ensinava. Desde que pisei a primeira vez em uma sala de aula, não sai mais. E assim, creio que não foi por acaso que eu passei naquele vestibular de 2004 para um curso que na época eu nem sabia direito do que se tratava. 
Não foi pra ser professora que eu prestei Letras, mas com certeza,  o curso de Letras me fez professora. Quando comecei a estudar todas aquelas teorias de aquisição de linguagem, preconceito lingüístico, análise do discurso, autonomia, autoria.. enfim, percebi que eu queria SIM ensinar.
E cá estou, desde 2005, quando comecei com algumas substituições até hoje, que tenho minhas aulas e turmas. Eu já imaginava que não era uma escolha fácil. Nada é fácil, de fato. Mas quando se fala em Educação, no Brasil, a situação é bem complicada.
No ensino público, temos salas lotadas, professores mal pagos, falta de infra-estrutura. Além dos problemas sociais que envolvem a vida de cada um dos alunos que fazem parte da comunidade. No ensino particular, a queda da estrutura familiar, a falta de regras, objetivos, a obsessão com o mundo mercadológico, a obrigação dos vestibulares, a empresa que se confunde com a escola.
São inúmeros os desafios de quem tenta trabalhar pela educação, e quem convive com isso dia a dia, sabe melhor do que ninguém.
Então, por que será que tantos profissionais de tantas outras áreas que se acham expert em Educação? Ninguém leva a educação a sério, a ponto de nem mesmo compreender que existe um estudo, uma teoria, uma pesquisa, como acontece em outras áreas da ciência. Assim, médicos, advogados, engenheiros, empresários.. enfim! todo mundo sabe dar palpite em alguma coisa! E julgam falho todos os trabalhos feitos por aquele que "entendem" de Educação.
Eu jamais tentei dizer a um médico o que ele deve fazer, se ele está certo ou errado. Nem disse a um engenheiro que ele está usado o método errado, que é "papo furado" as teorias que ele defende. Mas eu já ouvi engenheiros tentarem me dizer o que era melhor fazer. E muitas vezes.
Isso é reflexo da completa desvalorização do profissional da educação. Ninguém mais confia no trabalho dele, questionam o seu conhecimento o tempo todo. Testam, provocam. A sociedade como um todo já não acredita mais na educação, e por isso, qualquer outra teoria pode ser melhor. Seja ela sugerida por um engenheiro ou por um açogueiro, afinal, qualquer um pode falar sobre Educação.
Acontece que eu não me formei em qualquer UNIESQUINA (obrigada, Stelinha, por essa expressão! ;) e quando eu falo sobre educação, EU SEI SIM, o que eu estou falando. E o que eu quero dizer é o seguinte: é impossível tratar pessoas como se fossem máquinas. Ter o melhor material didático do mundo, pode não fazer com que seu aluno aprenda. Ele pode ler toda a teoria do material X e você pode explicar tudo de acordo com o material, e ele entender bulhufas. De repente, você começa a contar uma história e tudo faz sentido pra ele.
Eu fiz Letras. Eu sou da áreas de Humanas e sou professora porque eu acredito nisso. Acredito que cada ser humano é único, cada um aprende de uma maneira diferente, e é impossível enquadrá-los numa única metodologia.
Se eu quisesse lidar com máquinas, faria qualquer outra coisa, não estaria na sala de aula. Metade do que te faz seguir em um trabalho e o dinheiro. Outra metade, satisfação pessoal. Quando o dinheiro não é lá muito, rs, é a satisfação pessoal que motiva. E é duro, quando você vê sua ideologia sendo massacrada por profissionais que nem mesmo entendem um pouco do dia a dia de uma sala de aula.Estou então vendendo tudo aquilo que aprendi e conquistei? 

Quer saber? Eu não vou mais me vender. Não mesmo.