domingo, maio 30, 2010

Ela passou o olhar pelo ambiente procurando alguém interessante. Fazia sempre, há tempos nunca encontrava. Ou ainda, a paisagem era sempre a mesma, as pessoas que já conhecia e que até era interessantes, mas..
Olhou e se pôs a pensar em como seria cada uma delas, no que estariam pensando? Será que seria possível estar entre aquelas pessoas desconhecidas alguém que realmente pudesse fazer a diferença? Talvez não. Muito provavelmente não. Já conhecia esse ambiente, sabia que não passava de uma grande encenação: pessoas que fingem felicidade, pessoas que fingem ser melhores do que são - que têm mais dinheiro do que tem, mais bem sucedido e resolvidos do que realmente são.. uma grande ilusão. Perda de tempo. "Termine sua cerveja, divirta-se com suas amigas e fique feliz assim", pensou consigo mesma.
E antes mesmo que terminasse esse pensamento, ele apareceu. Um daqueles com quem tinha trocado olhares mas desistiu diante dos motivos já conhecidos. Estava ali, como em um passe de mágica, ou truque.. talvez até uma pegadinha. Mas de fato estava. E como em outro truque de repente estavam conversando como se conhecessem há anos, e ela falava compulsivamente até ser interrompida. Há tempos não era de fato surpreendida dessa forma. Parecia que estava enganada. Que realmente poderia encontrar alguém interessante, não parecia ser tudo uma grande encenação, parecia sincero, real.
Será que era aquele o sorriso que procurava? Será que o destino teria atraído para que se encontrassem ali naquele lugar, quando ela já estava tão sem esperanças?
Sentiu-se uma tola por deixar o pensamento voar tão longe e esforçou-se para manter os pés no chão. Mas permitiu-se ter uma pontinha de esperança. E esperou. Em vão...

Não era real, não era sincero. Era só mais uma belo truque do destino que se irrita quando parecemos espertinhos demais e capaz de compreender a tudo. Ele não quer que o compreendamos. Ele se irrita com isso.. e quando você acha que tem tudo sob controle - tcharam - ele vem e te mostra "Não.. não é como vc quer, e sim como eu quero". Então ele continua a brincar, tornando as situações inusitadas, fazendo tudo parecer coincidência ou acaso.

Ela estava cansada de tudo isso. Se pudesse, fugiria do destino, se isolaria. Não daria brechas para que ele a enganasse... mas será que era possível? Mais uma vez estava lá, fatos estranhos, reencontros, as tais mentiras sinceras.. tudo de novo, como sempre foi.. no mesmo teatro. Na mesma enganação.

Mais uma vez, ela sorriu. Fingiu não entender do que se tratava. Concordou, despediu-se e não quis pensar no assunto. Mas lá no fundo, em algum lugar.. a pergunta martelava: até quando?

Um comentário:

Junior Oliveira disse...

bonito texto!! gostei, perfeito. parabens!