sábado, dezembro 02, 2006

"Escrever é tornar-se o homem a quem se recusa a última réplica"


Já disse Barthes um dia.. "escrever é tornar-se o homem a quem se recusa a última réplica".
Cada pessoa, faz sua própria leitura sobre um determinado texto. E na poesia, onde tudo é tão subjetivo, tão pessoal, tão abstrato.. não seria diferente.
Como vcs podem conferir, o excerto do Fernando Pessoa gerou alguma.."polêmica" hehe As defensoras do sentimento e do amor já me deixaram bem claro que o amor não é esdrúxulo, muito menos, ridículo.
Pois faço questão de me defender, e ousando mais, defender Fernando Pessoa, ou melhor, Álvaro de Campos. Se a minha interpretação é a que ele pensou que teríamos quando ele escreveu este poema, eu não sei, nem nunca vou saber, mas nada impede que eu crie minhas hipoteses.

"Todas as cartas de amor são
Ridículas
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
(...)
As cartas de amor, se há amor,
têm de ser,
Ridículas.

Mas, afinal,
só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
é que são
ridículas.
(...) "

Adoro esse poema, adoro porque ele fala do amor do jeito que eu gosto: bonito, mas sem idealizações.
Todos somos ridículos quando amamos, e isso não é ruim! Apenas faz parte! Se vc ama, e nunca se sentiu ridículo por alguma atitude, ou falta de atitude, é porque na verdade vc não amou! E toda demostração desse sentimento que é esdruxulo, SIM! - Exagerado, esquisito.. faz com que façamos coisas que nunca antes faríamos.. - será, naturalmente, ridículo. Faz parte ser ridículo, ser exagerado, e por que não, esdrúxulo!
E depois, quando acaba, a gente sente é falta de se sentir ridículo, de rir sozinha, de corar o rosto com um sorriso, se sentir "raivinha", "ciuminho" de ser piegas, de odiar o medo de não odiar - a verdade é que hoje/as minhas memórias dessas cartas de amor/, é que são /Ridículas.
E afinal, ridículo, em um sentido negativo, são as pessoas é que nunca escreveram uma carta de
amor!
Não espero conseguir fazer as pessoas enxergarem "o amor"com os meus olhos, mas nós já sabemos que ele não é como pintava o romantismo, mas nem por isso, deixa de ser belo. É belo ao seu modo, esdrúxulo.. e ridículo.

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